quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Uma carta de suicídio escrita depois da tentativa.






Há tempos venho usando a ideia de suicídio como colete e ficção pra inibir a insônia e os pensamentos terríveis que me assombram durante a noite. A dor tem se tornado tão real que chega a materializar, e eu a toco, e a sinto, e sinto, e sinto...

Não obstante, resolvi tirar de mim o que em meu peito afogava, as mágoas e as lágrimas que não derramei ficaram lá; dentro do meu corpo, cheguei a suspeitar de um tumor, de algum câncer que estava se desenvolvendo, de algum demônio que havia me possuído, mas não, era só lágrimas, eram só instintos que não foram descarregados para fora, que se voltaram para dentro, e que me consumiram, e que quase me destruiu.

Uma febre lenta em meu corpo encontrou um abrigo, e eu me vi distante, e pela primeira vez depois de semanas orquestrando minha morte, tive medo! Sim, tive medo de me perder, de voltar a ser o que era, de dizer pras pessoas certas as coisas erradas, de viver sem saber direito o que era viver.

Então jurei por Deus, pelo Diabo, pela santa prostituta de alguma taberna fechada, que iria me acalmar, e que isso implicaria em fazer o que eu fazia de forma diferente; tenho que ser menos materialista, pois a sobrecarga que insisto em pegar do chão é o que impede de voar, tenho que parar de cobrar juramentos que eu jurei terem jurado por mim, tenho que chorar quando sentir vontade e isso é tudo.

Eu voltei de um passei com a morte tranquila e serenamente feliz, estava decidido a fazer os estragos que me faltavam fazer em vida, e dessa maneira comecei a atribuir valor ao mundo, pintando a existência com as cores que me restavam, e procurando sempre outras cores.

 E cá estou, com sono, mas sem qualquer desculpa para dormir.


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