sexta-feira, 3 de junho de 2016

Gritos inaudíveis das sombras.










Sem Alarde /


Antes de morrer queria que soubesse quem sou,
Ou melhor, que fui;
Nada tem a ver com os romances que li,
Nem as besteiras que escrevi,
Tão pouco o que falam sobre mim,
Nem o que eu digo sobre mim mesmo,
Não obstante, fui uma estrela opaca

Luzindo fracamente sob as cabeças desorientadas pelo vinho barato,
Pelos estragos feitos por amores rasos.

Gostaria que soubesse que você está vivo,
E que vão fazer de tudo para que não acredite nisso,
Vão lhe dar valores, ambições vagas e estabilidade medíocre,
Vão fazer de você uma farsa a ser contada
Como um número pertencente à massa,
E isso é tudo.

Quanto a mim;
Estarei em algum estágio do infinito
Em algum lugar que não encontrei nesse corpo,
De alguma maneira vivo, de alguma forma morto.
Certo estou de que não ficarei num estojo
Onde a carniça apodrece, alimentos para vermes
Vou renascer de novo, e de novo, e de novo.

O humano em mim reclama o divino,
Preciso saciar a sede do meu espírito,
Ao fim, e ao cabo desse escrito; te digo;
Meu amigo, somos todos; peças perdidas do infinito.          

Antes de morrer gostaria que soubesse,
A vida em mim, me pertence.
A morte, em algum lugar, é inocente.
Só deixarei de estar presente;
Vá em frente! Aguente!
Sem mim, não ocorrerá nada de diferente.

 Adeus, sem mais alarde,
Que minhas cinzas deixe saudade,

Pois só há saudades pra quem sente. 

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