Sem Alarde /
Antes de
morrer queria que soubesse quem sou,
Ou melhor,
que fui;
Nada tem a
ver com os romances que li,
Nem as
besteiras que escrevi,
Tão pouco o
que falam sobre mim,
Nem o que eu
digo sobre mim mesmo,
Não
obstante, fui uma estrela opaca
Luzindo
fracamente sob as cabeças desorientadas pelo vinho barato,
Pelos estragos feitos por amores rasos.
Gostaria que
soubesse que você está vivo,
E que vão
fazer de tudo para que não acredite nisso,
Vão lhe dar
valores, ambições vagas e estabilidade medíocre,
Vão fazer de você uma farsa a ser contada
Como um
número pertencente à massa,
E isso é
tudo.
Quanto a
mim;
Estarei em
algum estágio do infinito
Em algum
lugar que não encontrei nesse corpo,
De alguma
maneira vivo, de alguma forma morto.
Certo estou
de que não ficarei num estojo
Onde a
carniça apodrece, alimentos para vermes
Vou renascer
de novo, e de novo, e de novo.
O humano em
mim reclama o divino,
Preciso
saciar a sede do meu espírito,
Ao fim, e ao
cabo desse escrito; te digo;
Meu amigo, somos todos; peças perdidas do infinito.
Antes de morrer gostaria que soubesse,
A vida em mim, me pertence.
A morte, em algum lugar, é inocente.
Só deixarei de estar presente;
Vá em frente! Aguente!
Sem mim, não ocorrerá nada de diferente.
Adeus, sem mais alarde,
Que minhas cinzas deixe saudade,
Pois só há saudades pra quem sente.
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